Foto: Raphael Faria A história da capital de Sergipe, Aracaju - antigo povoado “Santo Antônio de Aracaju” é uma das mais inusitadas q...

Foto: Raphael Faria

A história da capital de Sergipe, Aracaju - antigo povoado “Santo Antônio de Aracaju” é uma das mais inusitadas que podemos contar. Sua fundação ocorreu inversamente ao convencional. Ou seja, não surgiu de forma espontânea como as demais cidades, foi planejada especialmente para ser a sede do Governo do Estado, por isso temos um centro histórico tão organizado com relatou a arquiteta Ana Libório “O centro de Aracaju começou como um grande tabuleiro de xadrez, foi construído assim para facilitar as novas tecnologias a se desenvolverem”. Era exatamente assim, tudo muito organizado e com formas imponentes, Ana deixa claro que naquela época o estilo usado nas construções era o Neoclássico, estilo original da Grécia e de Roma. Não é à toa que isso nos submetia ao império, as construções tinham essas formas para impressionar mesmo, assim o poder era visto com mais facilidade por todos. Podemos ver isso nos dias de hoje em construções como o casarão da OAB-SE localizado na beira mar ou mesmo os prédios do Palácio do governo ou a câmara dos vereadores no próprio centro histórico.

Na década de vinte, mais precisamente em 1822, na comemoração de 100 anos da independência de Sergipe houve uma grande repaginação em Aracaju. Todos os prédios antigos agora ganharam uma roupagem eclética, mais moderna. O palácio Olímpio Campos foi uma prova de como a partir de então a arquitetura já não mais condizia em sua totalidade com a sua versão original.

Não foi apenas a mudança de padrão arquitetural que deixou marcas no centro histórico de Aracaju. Quando surge a necessidade de expansão, o centro começa a se descaracterizar e a cidade começa a crescer de maneira desorganizada. O historiador Paulo César explica que logo após a cidade começar a crescer o centro deixou de ser a única opção e logo as demais regiões se tornaram mais valorizadas, pois o novo atrai pela curiosidade. Com isso a população que residia no centro, seja para moradia ou para comércio preferiu investir em áreas como a zona sul ou zonas de expansões como a gente vê acontecendo até os dias de hoje.

Daí pode-se dizer que começa o abandono do centro histórico de Aracaju. Segundo Paulo César, o principal motivo disso acontecer é porque os próprios moradores preferiram deixar tudo e se concentrar onde havia promessa de um novo começo. O que vemos no centro da capital de Sergipe hoje são prédios abandonados, casarões demolidos viraram estacionamentos e muito morador de rua ocupando monumentos que outrora deduziam símbolos de riqueza e poder.

Paulo César, historiador. (Foto: Raphel Faria)
A questão principal não é apenas o estado em que se encontra o centro hoje, o problema real é quando fazemos uma projeção para o futuro, segundo Paulo César, caso não haja uma mudança de comportamento dos próprios donos dos prédios do centro, algo em torno de aproximadamente uma década vai tornar grande parte da região morta, inabitável. Paulo deixa claro que o centro só vai mudar quando a consciência dos que ali hoje moram mudar junto. Não depende do estado, não depende do governo ou de qualquer outra autoridade.

Esperar por uma política em que parta do poder essa mudança é assinar um atestado de óbito de um lugar que tem tanta história para contar e tantas belezas a oferecer, mas que corre contra o tempo para não sumir em meio a tantas mudanças. Na conversa com o historiador Paulo César, um slogan surgiu junto com planos de tentar de alguma forma promover a necessidade de restauração que o centro de Aracaju merece; “O centro só muda quando os moradores que lá vivem, mudar”.


Nessa reportagem iremos abordar assuntos como história, arquitetura, políticas públicas, contexto social e até mesmo o centro como uma grande forma de atrativo turístico. Queremos de alguma forma mostrar o quanto o centro foi importante para o começo da nossa capital e como hoje se encontra pedindo clemência para não sucumbir à sua própria história.


Por Raphael Faria
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Foto: Raphael Faria Tendo em vista a história da arquitetura de Aracaju, onde a cidade foi planejada em forma de tabuleiro de xadrez,...

Foto: Raphael Faria

Tendo em vista a história da arquitetura de Aracaju, onde a cidade foi planejada em forma de tabuleiro de xadrez, trazendo modernidade e estilo eclético em seus monumentos históricos, um dos grandes desafios enfrentados atualmente, é manter viva a história, cultura e estruturas arquitetônicas da época.

O objeto de estudo deste texto é o prédio do Centro de Turismo e Comercialização Artesanal, localizado na Praça Olímpio Campos s/n. Fundado em 1911 para abrigar a Escola Normal, o prédio sediava em seu anexo o Grupo Escolar Modelo, exclusivo para mulheres. Após a transferência da sede da escola, no final da década de 1950, o prédio sediou diversas instituições públicas, sendo restaurado e transformado em Centro de Turismo e Comercialização Artesanal, em 1978. Atualmente abriga diversas lojas de artesanato, um Centro de Atendimento ao Turista e o Museu do Artesanato. 

Considerando a visão geral sobre o edifício, a arquiteta Ana Libório explica que um projeto de restauração começa pela pesquisa histórica.

O primeiro ponto que se deve levar em consideração na hora de restaurar um patrimônio cultural, é entender a história do edifício. Na arquitetura, isso leva o nome de pré-existência. No caso de alguns patrimônios trabalhados nesse blog, deve-se levar em consideração o estilo arquitetônico que foi trazido na época.

Pode-se trabalhar essa pesquisa histórica através da fotografia. “A fotografia é maravilhosa para a restauração, é um dos grandes instrumentos dos projetos de revitalização. Ela é um grande recurso, trabalhado na arquitetura, onde nós chamamos de iconografia”.

Seu Ismael Feitosa, comerciante.
(Foto: Raphael Faria)
Seu Ismael, comercializa peças de artesanato no Centro de Turismo Comercialização Artesanal de Aracaju há 20 anos, e conta que o prédio era administrado pela Empresa Sergipana de Turismo - Emsetur, órgão ligado à Secretaria de Turismo. O prédio carrega em sua história mais de 100 anos de existência e fomentava boa parte do turismo na região. Ele revela que o edifício nunca sofreu nenhum tipo de modificação ou revitalização, apenas reformas e reparos em sua estrutura, já que o monumento foi tombado como patrimônio público no decreto nº 6.129, de 06/01/1984, o que levaria uma série de requisitos para alterações estruturais. “As reformas no prédio foram apenas para melhorar as condições estruturais tanto para os lojistas, quanto para os clientes. Houve melhorias no telhado, no forro, no piso, na parte de esquadrilha, que engloba janelas e portas, além de adequações na parte elétrica, hidráulica e de segurança contra incêndios. Para haver restauração no prédio, seria necessário manter o tipo de tinta usada na época da construção, a madeira para a construção também precisaria ser a mesma”.

Ana Libório, arquiteta. (Foto: Raphael Faria)
De acordo com a arquiteta Ana Libório, este tipo de reparo em prédios tombados, se dá devido ao alto custo de manutenção para restauração desses monumentos, é preferível então e mais adotado nos dias atuais, mesclar as técnicas de restauração. “A verdadeira restauração é aquela que você consegue preservar a matéria. Existe um tipo de restauração que a gente só reconstitui a imagem perdida, por exemplo, antigamente usavam reboco de cal, hoje em dia já não se usa mais, se faz com cimento. Hoje em dia isso está se tornando cada vez mais difícil, por acabar ficando muito caro, então é necessário mesclar algumas técnicas de restauração”.

Ana ressalta ainda que hoje em dia as restaurações de arquitetura originais, tendo como exemplo o edifício da Rua do Turista, passaram por adequações ganharam recursos tecnológicos. “Isso é feito principalmente em edifícios de vários pavimentos, que nada mais é do que você pegar um prédio antigo a atualizar. Alguns monumentos por exemplo não tinham banheiro, então nós fazemos este tipo de readequação”.

O Centro de Turismo e Comercialização Artesanal passou por duas grandes reformas em sua estrutura, uma no ano de 1950, e a última está sendo realizada atualmente.

Apesar dos transtornos gerados tanto para o cliente, quanto para os artesãos, a comercialização dos produtos não foi interrompida durante as reformas, o que deixou os comerciantes satisfeitos.

Tentamos entrar com contato com os órgãos responsáveis pela preservação e revitalização de monumentos históricos da cidade, Empresa Municipal de Obras e Urbanização (Emurb), Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Sergipe (CAU/SE)Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinfra) e Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Sergipe (CREA), mas não obtivemos respostas até o fechamento deste trabalho. 


Por Selma Souza
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Foto: Raphael Faria Manter uma sociedade civil ciente dos cuidados com patrimônio histórico se tornou um dos maiores desafios para as...

Foto: Raphael Faria

Manter uma sociedade civil ciente dos cuidados com patrimônio histórico se tornou um dos maiores desafios para as leis brasileiras. No âmbito jurídico e de políticas públicas que envolve a proteção do Patrimônio Histórico de Aracaju, o Ministério Público Estadual (MPE-SE) e o Departamento Patrimônio Histórico e Cultural do Governo do Estado (DPHC), trabalham para manter ordem no que diz respeito ao uso do dinheiro público e encaminhamento de intervenções em edificações históricas e tombadas.

O decreto de Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, instituído pelo presidente Getúlio Vargas, garante a organização e a proteção do Patrimônio Histórico e Artísitico. O projeto contém cinco capítulos e desde sua criação não sofreu nenhuma atualização. Anos depois, em 1988, é criada através da Lei Federal de nº 1.257/01, o Plano Diretor, um instrumento de política urbana que determina aos municípios brasileiros definir a função social da propriedade e ainda a delimitação e fiscalização das áreas subutilizadas, sujeitando-as ao parcelamento ou edificação compulsória e também, à desapropriação com pagamentos de títulos. Logo, toda essa legislação em torno do Plano Diretor traz diversas consequências às intervenções em casarões antigos.

De acordo com o diretor do DPHC, Marcos Paulo Lima, além do Plano Diretor proposto em lei, para haver intervenção nos antigos imóveis, é preciso ainda o apoio da comunidade, que nesse caso, são os proprietários dos casarões.“É necessário que a sociedade tenha conhecimento de que a lei e os recursos existem e podem ser aplicados para a preservação do patrimônio histórico, então é preciso que as pessoas cobrem ao poder público, para que esses locais não permaneçam abandonados, como acontecem na maioria das vezes”, salienta Marcos.

O Ministério Público Estadual (MPE-SE), órgão responsável por defender a ordem jurídica do regime democrático e dos interesses sociais e individuais, abriga um departamento especifico na preservação do Patrimônio Histórico, a Promotoria do Meio Ambiente, Patrimônio Histórico e Gestão Urbana. Nela, são atribuídas o poder de fiscalizar e de controlar os órgãos de execução dos serviços no patrimônio histórico.

Promotor de Meio Ambiente, Patrimônio Histórico
e Gestão Urbana do MPE-SE, Eduardo Matos.
(Foto: Leonardo Tomaz)
O promotor de Meio Ambiente, Patrimônio Histórico e Gestão Urbana do MPE-SE, Eduardo Matos, afirma que a política de preservação de patrimônio histórico é uma realidade pouco tradicional no país, no entanto, cabe ao ministério, através de denúncias recebidas pela ouvidoria, por exemplo, investigar se a determinação judicial está sendo cumprida. “Ao longo dos anos foram muitas leis criadas para proteger o patrimônio histórico, seja ela municipal, estadual ou federal. O que implica uma tradição pouco executada no Brasil é justamente a manutenção desses prédios. Boa parte desse processo de restauração custa muito caro e aliado a isso nos deparamos com a constante depredação desses casarões”, pontua, Matos.

Diante das centenas de atribuições legais a respeito do patrimônio histórico, cabe a especificamente a sociedade um olhar mais afetuoso com o que preenche uma lacuna significativamente histórica. Além de cuidar é preciso cobrar. E isso não vale somente para as edificações, também vale para o patrimônio cultural material e imaterial. 

Responsável pelos bens tombados no âmbito federal, o Instituto de Patrimônio Artístico Histórico Nacional (Iphan), trabalha com esse tipo de política que administra e protege.
Procurada pela reportagem, a superintendência do Iphan em Sergipe não respondeu a solicitação e agendamento de uma entrevista até o fechamento desta matéria. 

Por Leonardo Tomaz

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Foto: Raphael Faria Em pleno século XXI, muita coisa antiga chama atenção de quem vêm até a capital de Sergipe. Os antigos casarões...

Foto: Raphael Faria

Em pleno século XXI, muita coisa antiga chama atenção de quem vêm até a capital de Sergipe. Os antigos casarões, a arquitetura preservada de alguns prédios do centro histórico e em outros pontos de Aracaju. O que desperta mais interesse nos turistas são as histórias, o conteúdo a ser mostrado e a forma da arquitetura barroca de cada monumento " Aqui não tem somente praias. O visitante que quer fazer um passeio, trazer a família, entender um pouco mais da história da cidade vai ter isso ao seu dispor em Aracaju." afirmou Dênio Azevedo, Historiador e Professor de Turismo da UFS.

Com cerca de 641.523 mil habitantes, a capital sergipana foi um desafio para Sebastião Basílio Pirro, o Engenheiro responsável pelo projeto de como seria  construída Aracaju porque era uma terra cheia de mangues e solos irregulares. E desse labirinto, nasceu do centro da cidade a terra do Cajueiro dos Papagaios, que conquista cada vez mais visitantes por seus atrativos culturais, gastronômicos, materiais e imateriais.


O grande patrimônio cultural material de Aracaju está distribuído principalmente no centro da cidade,como o centro histórico, a ponte do imperador e vários outros pontos de destaque. Tais monumentos são protegidos por leis,que garantem sua preservação, como por exemplo, a permissão de reforma de edificações em caso de tombamento parcial,ou revitalização da mesma, em caso de tombamento total, onde o patrimônio só pode passar pelo processo se perder a sua total originalidade. Para Azevedo, na capital, grande parte dessas leis não são respeitadas. “Vários prédios do centro que necessitavam ser revitalizados foram destruídos para construção de estacionamentos ou casas”, explica. Ele comenta ainda que qualquer monumento que tenha história pra contar, precisa continuar no mesmo lugar para trazer lembranças, fatos históricos.

Os mercados da região central de Aracaju chamam atenção e movimentam a economia local, com a venda de artesanatos e comidas regionais e é fonte de renda para inúmeros comerciantes, como Dona Regiane dos Santos, que vende artesanatos e tira seu sustento do mercado. Segundo ela, a movimentação dos turistas na região só aumenta nos últimos anos e isso tem sido um ponto positivo para o comércio.  Mas, ainda com esse aumento a grande expectativa é para a reforma desses patrimônios, que trarão um maior número de turistas para a região. Como informou o historiador Azevedo, na região central é possível fazer um roteiro gastronômico com a culinária da capital, que é algo bastante característico do local e conquista cada vez mais visitantes.

Aracaju é um lugar com muitas histórias para contar.  Mesmo encontrando tudo o que procura, o visitante entende a importância dos grandes prédios do centro, que fizeram parte da história da capital, que hoje trazem lojas comerciais, restaurantes e outros atrativos para quem está aqui, tudo isso com a mesma estrutura de antes. “Entender sobre a ponte do imperador, sobre qual foi seu papel naquela época é muito importante. Porque além de conhecer um local bonito e agradável na capital, o turista vai adquirir conhecimento.” afirmou Denio.

Além de comercializar, o cidadão tem sua rotina alterada pelo movimento dos turistas, como é o caso da comerciante Tânia Cunha, que tem um restaurante na Rua do Turista e já perdeu as contas de quantas pessoas já conheceu. "É muita gente e muito movimento. Um povo feliz, que vêm cheio de alegria e vontade de conhecer Aracaju. Isso sim, me estimula e dá cada vez mais vontade de trabalhar”, afirma.

Para saber sobre os projetos e diretrizes do centro histórico procuramos o Secretario de Turismo do Estado, que até o fechamento dessa reportagem não se pronunciou.

Por Emanuel Oliveira 

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"Quem não tem memória, não tem história", diz seu Esmael sobre a falta de preservação do Patrimônio Histórico. (Foto: Raphae...


"Quem não tem memória, não tem história", diz seu Esmael
sobre a falta de preservação do Patrimônio Histórico.
(Foto: Raphael Faria)
Uma cidade é como um grande livro, sua história é escrita por meio de construções que marcam época e guardam em suas paredes a memória de um local e de sua gente. Aracaju já não era tão jovem assim quando seu Ismael, sua esposa e seus filhos deixaram a cidade de Porto da Folha para uma nova vida. A capital oferecia algo que não tinha no interior: educação para seus filhos. A primeira impressão do jovem Ismael foi a mesma de tantos outros rapazes e moças que chegavam a uma cidade grande pela primeira vez: deslumbre.

Os casarões, os prédios comerciais, as igrejas, a quantidade de casas, veículos e gente nas ruas, sem esquecer da visão do Rio Sergipe desaguando no mar, são algumas das lembranças mais fortes para o servidor público aposentado. “Nós não escolhemos onde vamos nascer, mas podemos escolher onde vamos viver”, reflete Seu Ismael, que adotou Aracaju como sua segunda terra.   

Para ele, as construções antigas deveriam ser mais valorizadas, pois elas são muito mais que prédios velhos, são o registro de uma época. A memória de uma cidade. Trabalhando há mais 30 anos como vendedor de artesanato no Centro de Turismo de Sergipe, ele lamenta que as autoridades negligenciem a manutenção de prédios tão importantes para a história da cidade.

Dona Maria das Dores lembra de como a cidade era
antigamente, das casas simples, dos casarões
e das ruas de paralelepípedos.
(Foto: Raphael Faria) 
Maria das Dores Neves Farias, de 64 anos, é professora e vive no centro na cidade desde a infância. Ela viu o Centro se transformar com o passar do tempo e recorda a ausência de prédios grandes e como as casas eram simples: apenas portas e janelas, sem garagens. Dona Maria guarda boas lembranças dessa época, mas se preocupa com a situação atual do patrimônio e de como a urbanização está demolindo o passado do Centro Histórico. “Em Aracaju, não há preservação nem revitalização dos prédios antigos, a memória da cidade está sendo perdida”, lamenta a professora.

Essa é a mesma preocupação de seu Nelson Farias, que mora em Aracaju há mais de 30 anos. Assim como seu Ismael, ele veio da cidade de Porto da Folha e trabalha no Centro de Turismo de Sergipe e viu a cidade crescer e negligenciar seu patrimônio histórico. “O patrimônio tombado, infelizmente, está abandonado em todo Sergipe. O Poder Público precisa lembrar que esses prédios fazem parte da história do nosso Estado e do nosso povo”, comenta. Além disso, ele lembra que prédios como esse são pontos turísticos e que estimulam a economia local.

Para todos eles, não se trata apenas de paredes e estruturas de prédios velhos, mas, sim, da história de sua terra, sua gente e de suas próprias vidas. Trata-se de memória, cultura. Diversas gerações passaram pelas ruas em tabuleiro de Aracaju e, nelas, viveram seus dramas, suas glórias e deixaram suas marcas. Seus sinais ainda estão pela cidade, gravados na arquitetura, resistindo ao tempo e a diversos outros fatores políticos e econômicos.

Mas até quando estarão lá? O que restará do que nossos antepassados viveram para nossos descendentes?

Tombar prédios históricos é somente um detalhe formal, é preciso preservá-los para, desta forma, oferecer às próximas gerações, a história e a memória da nossa gente. Fortalecendo nossa cultura e nossa relação com a nossa terra.  


Por Diogo Souza

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Por Diogo Souza. 
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Foto: Leonardo Tomaz Sob a atitude de um jovem visionário agitado, o Florentino Teles de Menezes (1886 – 1959), juntamente com mais out...

Foto: Leonardo Tomaz
Sob a atitude de um jovem visionário agitado, o Florentino Teles de Menezes (1886 – 1959), juntamente com mais outras 21 personalidades, nasceu o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, apelidado carinhosamente como “A Casa de Sergipe”.

O Instituto foi concebido no dia 06 do mês 08 no ano de 1912, como uma associação civil sem fins lucrativos, com o objetivo de proteger a memória do Estado, colhendo documentos, debatendo problemas culturais e gerando saber.

O IHGSE foi o marco da emancipação cultural e científico de Sergipe, em ocasião que se inicia as discussões e estudos sobre o Estado e o seu povo. A princípio, seus componentes se agrupavam no salão do antigo Tribunal de Relação, hoje Tribunal de Justiça.

Durante três décadas desde a sua criação, o instituto ocupou diversos espaços, concedidos por outras instituições públicas, como o Palácio do Governo e do Salão de Conferências da Biblioteca Pública até a transferência da sua sede, em 02/04/1939.

A sede do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe foi elaborado no estilo Art. Déco que teve grande influência em Sergipe. De origem francesa, o Art. Déco é um estilo decorativo que se encontra nas artes plásticas, artes aplicadas e arquitetura. O projeto foi formado pelo construtor alemão Arendt Von Altenesch, vindo da Argentina, que elaborava diversos edifícios em Aracaju na década de 30 e propagava o estilo Art. Déco na pequena capital.

Foto: Leonardo Tomaz
“A Casa de Sergipe” foi presidida por renomados intelectuais da educação, dentre eles, o Desembargador João da Silva Melo (Gestão 1912-1916), o Major, mais tarde general Manuel Joaquim Pereira Lobo (Gestão 1921- 1923), Epifânio da Fonseca Dória (Gestão 1935- 1939), o Professor José Augusto da Rocha Lima (Gestão 1941- 1945) e a única mulher presidente, a Professora e Doutora, Maria Thétis Nunes (Gestão 1971 – 2003).
  
Desde a sua formação, o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (IHGSE), combateu vários desafios, trespassou momentos de expansão e prestígio, assim como dificuldades e crises, mas sobreviveu graças ao esforço do Estado, da sociedade e à determinação dos seus presidentes.

Uma vez criado, o Instituto não tardou a se confirmar como uma instituição qualificada para debater sobre determinados assuntos, por exemplo a importância de sítios arqueológicos, a autoria de determinadas obras literárias de autores sergipanos, a questão dos limites entre Sergipe e Bahia.

O prédio que fica localizado na Rua Itabaianinha, centro de Aracaju, foi tombado em 2007, como Patrimônio Histórico Estadual. Abriga o Museu Galdino Bicho, o mais antigo do Estado, além da bela Pinacoteca Jordão de Oliveira com um imenso acervo de obras de artistas da Academia de Belas Artes do Rio de Janeiro.
Por Juliane Barbosa

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Patrimônio Histórico de Aracaju