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Foto: Raphael Faria |
Tendo em vista a história da arquitetura de Aracaju, onde a cidade foi planejada em forma de tabuleiro de xadrez, trazendo modernidade e estilo eclético em seus monumentos históricos, um dos grandes desafios enfrentados atualmente, é manter viva a história, cultura e estruturas arquitetônicas da época.
O objeto de estudo deste texto é o prédio do Centro de Turismo e Comercialização Artesanal, localizado na Praça Olímpio Campos s/n. Fundado em 1911 para abrigar a Escola Normal, o prédio sediava em seu anexo o Grupo Escolar Modelo, exclusivo para mulheres. Após a transferência da sede da escola, no final da década de 1950, o prédio sediou diversas instituições públicas, sendo restaurado e transformado em Centro de Turismo e Comercialização Artesanal, em 1978. Atualmente abriga diversas lojas de artesanato, um Centro de Atendimento ao Turista e o Museu do Artesanato.
Considerando a visão geral sobre o edifício, a arquiteta Ana Libório explica que um projeto de restauração começa pela pesquisa histórica.
O primeiro ponto que se deve levar em consideração na hora de restaurar um patrimônio cultural, é entender a história do edifício. Na arquitetura, isso leva o nome de pré-existência. No caso de alguns patrimônios trabalhados nesse blog, deve-se levar em consideração o estilo arquitetônico que foi trazido na época.
Pode-se trabalhar essa pesquisa histórica através da fotografia. “A fotografia é maravilhosa para a restauração, é um dos grandes instrumentos dos projetos de revitalização. Ela é um grande recurso, trabalhado na arquitetura, onde nós chamamos de iconografia”.
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Seu Ismael Feitosa, comerciante.
(Foto: Raphael Faria) |
Seu Ismael, comercializa peças de artesanato no Centro de Turismo Comercialização Artesanal de Aracaju há 20 anos, e conta que o prédio era administrado pela Empresa Sergipana de Turismo - Emsetur, órgão ligado à Secretaria de Turismo. O prédio carrega em sua história mais de 100 anos de existência e fomentava boa parte do turismo na região. Ele revela que o edifício nunca sofreu nenhum tipo de modificação ou revitalização, apenas reformas e reparos em sua estrutura, já que o monumento foi tombado como patrimônio público no decreto nº 6.129, de 06/01/1984, o que levaria uma série de requisitos para alterações estruturais. “As reformas no prédio foram apenas para melhorar as condições estruturais tanto para os lojistas, quanto para os clientes. Houve melhorias no telhado, no forro, no piso, na parte de esquadrilha, que engloba janelas e portas, além de adequações na parte elétrica, hidráulica e de segurança contra incêndios. Para haver restauração no prédio, seria necessário manter o tipo de tinta usada na época da construção, a madeira para a construção também precisaria ser a mesma”.
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Ana Libório, arquiteta. (Foto: Raphael Faria) |
De acordo com a arquiteta Ana Libório, este tipo de reparo em prédios tombados, se dá devido ao alto custo de manutenção para restauração desses monumentos, é preferível então e mais adotado nos dias atuais, mesclar as técnicas de restauração. “A verdadeira restauração é aquela que você consegue preservar a matéria. Existe um tipo de restauração que a gente só reconstitui a imagem perdida, por exemplo, antigamente usavam reboco de cal, hoje em dia já não se usa mais, se faz com cimento. Hoje em dia isso está se tornando cada vez mais difícil, por acabar ficando muito caro, então é necessário mesclar algumas técnicas de restauração”.
Ana ressalta ainda que hoje em dia as restaurações de arquitetura originais, tendo como exemplo o edifício da Rua do Turista, passaram por adequações ganharam recursos tecnológicos. “Isso é feito principalmente em edifícios de vários pavimentos, que nada mais é do que você pegar um prédio antigo a atualizar. Alguns monumentos por exemplo não tinham banheiro, então nós fazemos este tipo de readequação”.
O Centro de Turismo e Comercialização Artesanal passou por duas grandes reformas em sua estrutura, uma no ano de 1950, e a última está sendo realizada atualmente.
Apesar dos transtornos gerados tanto para o cliente, quanto para os artesãos, a comercialização dos produtos não foi interrompida durante as reformas, o que deixou os comerciantes satisfeitos.
Tentamos entrar com contato com os órgãos responsáveis pela preservação e revitalização de monumentos históricos da cidade, Empresa Municipal de Obras e Urbanização (Emurb), Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Sergipe (CAU/SE), Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinfra) e Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Sergipe (CREA), mas não obtivemos respostas até o fechamento deste trabalho.
Por Selma Souza
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Sobre nós
Trabalho interdisciplinar realizado para as disciplinas de Redação Jornalística III, Radiojornalismo I e Audivisual, do curso de Comunicação Social em Jornalismo, da Universidade Tiradentes.